SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Ninguém está livre

19/06/2021

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Enquanto o presidente Bolsonaro fala contra vacinação, fala contra distanciamento, propõe tratamentos não referendados pela ciência e promove aglomerações com seus seguidores, o país chega à triste marca de meio milhão de mortos por covid-19.

O Brasil tem um histórico, de sucesso, com a vacinação. Poliomielite - a temida paralisia infantil, a varíola, o sarampo e a rubéola são exemplos de doenças epidêmicas que foram erradicadas com vacinação. Os mais antigos ainda se lembram de ver, quando crianças, coleguinhas andando com duras moletas e um pesado equipamento que buscava dar firmeza às pernas dos acometidos por Pólio.

E foi exatamente a vacinação que permitiu a erradicação destas doenças.

Em pleno século XXI, com toda a ciência da qual dispomos, o Brasil vem lutando uma luta inglória, fraticida, ainda por vacinação.

Vacinação não é coisa de direita ou de esquerda. É coisa de saúde humana. E tratar de forma diferente é estupidez, falta de inteligência. Inconcebível que o presidente da república pareça sabotar os esforços nacionais para compra de imunizantes e lute com todas suas forças para que uma doença, fatal, se espalhe impunemente.

Hoje chegamos à marca de 500 mil mortos. Poderiam ser 500.001 mortos. Eu mesmo, estive internado com Covid-19 e passei por um sistema de internação e cuidados. Ainda não consigo me levantar, ainda sofro com limitações de respiração e mobilidade. Muito fraco, ainda. Mas melhorando.

Você, que está lendo isso, sua natureza não difere da minha. E não adianta “ter opinião” diferente, porque você é um ser humano. Está sujeito às mesmas limitações, a semelhante fisiologia minha de destes nossos meio milhão de conterrâneos. Não está livre de contrair Covid-19 e, mesmo, de sofrer complicações ou – até mesmo – vir a falecer desta doença.

Vi vários doentes no hospital, no meu período de internação. E asseguro a todos: você pode bater no peito e ser o mais fiel bolsonarista: continua sendo humano. E, se pegar covid-19, vai sofrer como todos. Com um peso extra, porque é complicado falar contra tratamento e se tratar. Por que quando o bicho pega, não tem cloroquina que resolve: o tratamento é o tradicional mesmo. O leite quente batidinho que a tia do zap ensinou, o chá de alfavaca ou a aquela receita que você viu no youtube ou aquele coquetel de vermicida que você no recebeu no grupo de Zap? Nem sofre: se você chega no hospital, vai entender. Infelizmente desconsiderar a ciência não é uma barreira biológica aceitável contra contaminação por Covid-19. E negar fatos e negar a ciência tende a ser mais fator de risco.

Problema é que quem se expõe, não expõe só a si. Expõe a outros, inocentes.

Enquanto isso a gente tenta se preservar, evitar cerimônias, evitar aglomerações, vemos pessoas festejando, enchendo ranchos e locais de festas, churrascos, sem qualquer restrição. Enquanto isso acontecer, os casos só farão aumentar e, o número de mortes, a crescer.

Mesmo a cobertura vacinal, em tempos experimentais como o que vivemos, segundo os cientistas, não será suficiente para proteger a população. A cobertura vacinal deve ser seguida de continuidade do uso de medidas preventivas, como distanciamento, uso de máscaras, de higienizantes nas mãos.

Enquanto a pandemia não passa, a lei exige o uso de máscaras em ambientes públicos e vias públicas. Até para a produção de programas digitais o uso de máscara é obrigatório, o que não impede de vários internautas produzirem e divulgarem vídeos uns aos lados dos outros, conversando, fazendo política e atacando quem pensa diferente.

Biologia não é questão de opinião. Fisiologia humana, química… ...tem gente que passa a vida estudando. Compreendendo os mecanismos por trás do contágio e o comportamento de vírus. E é realmente um absurdo que, quando você se depara com uma pandemia, prefira acreditar em quem não entende nada, por vezes gente que nem conhece pessoalmente, do que em médicos e cientistas.

Ninguém, em sã consciência, se vai voar de avião faz questão que os pilotos sejam alguém que não entenda nada de aviação. Ninguém em sã consciência que precise passar por uma cirurgia, vai exigir que o médico cirurgião não tenha feito medicina. Mas para dirigir os caminhos do saúde coletiva em um país de dimensões continentais, alguns preferem alguém que não tenha absolutamente nem um conhecimento na área.

Ao chegarmos a 500 mil mortos, talvez seja caso de o leitor, a leitora, avaliar como seria se fossem 500.001. Se você, que está lendo, não estivesse aqui para fazer esta leitura.

A natureza dos que morreram não difere da sua própria, leitor(a). Se não conseguir ter empatia pela dor e sofrimento dos outros e de suas famílias, pense em você mesmo(a) e reavalie posição contrária a vacina, à vida e às regras de distanciamento social. 



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