SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Por entre os dedos

13/09/2021

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São novos tempos e a maioria dos leitores já deve ter ido à praia, em pelo menos um momento de sua vida. Ver o mar...

Mesmo os que não foram, em nossa região certamente foram a algum rio ou cachoeira.

Na pior das hipóteses, ao lavar o rosto pela manhã já pegou um punhado de água nas mãos.

No mar, certamente, é mais poético. Mas a verdade é que a água não pára nas mãos. Não há vedação suficiente. Acaba por escorrer por entre os dedos.

Aquele punhado de água, que escorreu por entre os dedos, pode não ter significado nada para o leitor. Mas, suponha, fosse o último punhado de água potável?

A água da represa de Caconde não escorre por entre os dedos. Mas está escorrendo por algum lugar. O volume de água necessário para a produção do máximo possível de energia elétrica na usina não causaria a baixa na represa, anualmente, como vem fazendo.

Uma das hipóteses, sobre a qual a AES TIETÊ não se manifestou quando indagada pelo DEMOCRATA, foi haver um fluxo de água além do necessário para produção da energia elétrica.

Segundo uma fonte interna da empresa, que não quis se identificar, após a última reforma a manutenção das turbinas é feita com necessária interrupção do fluxo de água que é direcionado a outro cano de igual calibre que encaminha a água para a saída de água das turbinas, mas sem passar por elas.

Assim a AES TITETÊ pode estar causando a baixa da represa permitindo que mais água, que o necessário, desça rio abaixo. A explicação é que atingido o máximo de geração de energia pela represa de Caconde, outras represas rio abaixo teriam maior capacidade. A água de Caconde, portanto, sairia da represa sem qualquer pagamento à cidade e geraria eletricidade em outras usinas.

As constantes altas e baixas da usina acabam retirando seu caráter de reservatório, tornando-a apenas fonte de lucros privados.

Com isso toda a fauna hicta ali instalada acaba por sofrer, como todos os animais do entorno e, por fim, a própria cidade agoniza não só pela possível falta de abastecimento de água como por perder sua principal fonte de renda, consistente no turismo.

Empresas do entorno da represa, hotelaria, restaurantes, comércio, toda Caconde sofre quando o volume do reservatório torna-se assim tão baixo.

Mas não só. Em São José do Rio Pardo, por exemplo, a cidade teve gastos para reposicionar o sistema de coleta de água para abastecimento urbano. O rio, em baixo volume, deixa de ser navegável, tornando impossível o uso deste notável potencial como fonte de turismo.

Outra coisa que está faltando é transparência. A AES Tietê pode abrir suas portas para receber a imprensa e as comunidades e apresentar informações claras. A dificuldade na obtenção de informações elementares indica uma falta de diálogo, de caminho de comunicação que é impensável para uma empresa responsável por um reservatório de água que abastece tantas cidades, sem falar na fauna, inclusive a hicta, a flora e todo bioma circunvizinhante.

A impressão de desinteresse da concessionária pelas cidades, pelas pessoas e pelo meio ambiente pode ser mais do que mera impressão. 



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