SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Entrevista com o empresário vencedor no Shark Tank Brasil: Rodrigo Dias de Siqueira

23/10/2021

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Rodrigo Dias de Siqueira, empresário rio-pardense, tem uma história de vida e de superação em empreender surpreendente. Como obra de uma vida, usando experiência com o motocross migrou para a fisioterapia e, assm, desenvolveu um equipamento inovador e único que permite não só exercícios para recuperação como também uma plataforma para prática de exercícios e aprimoramento em esportes. 

DEMOCRATA já fez uma matéria sobre o assunto e, agora, traz uma entrevista com o empresário que conta um pouco da sua história.

DEMOCRATA: quando você percebeu que tinha uma mentalidade empreendedora?
Rodrigo: Foi aquela transição, na época do Motocross, que comecei a trabalhar mais na clínica. Até então era só motocross, profissionalmente, tudo. E aí chegou um a hora que comecei a pegar mais na clínica, apurando esse lado, e foi isso. Eu sempre gosto de inovar, não gosto de ficar na mesma coisa sempre. E aquele batidão do dia a dia da clínica já estava me incomodando...

Rodrigo foi interrompido pelo alarme da estufa que indicava ser momento de retirar parte do equipamento que estava sendo pintado. E retomamos.

DEMOCRATA: Quanto tempo de Motocross? Machucou muito?
Rodrigo: Foram 18 anos de motocross. Os machucados acontecem principalmente no início, quando a gente ainda não sabe como funciona, vai arriscando.

DEMOCRATA: esses ferimentos acabaram te levando pra fisioterapia
Rodrigo: Foi. Exatamente quando eu percebi o quanto era importante a fisioterapia para a recuperação. Foi quando me apaixonei pela profissão. Achei bem legal, sabe? Quando eu entrei na faculdade já sabia muita coisa porque eu fazia fisioterapia por causa das quedas de moto.

DEMOCRATA: Depois destes anos de moto, você foi trabalhar como fisioterapeuta?
Rodrigo: Eu levava os dois juntos. Primeiro eu comecei a trabalhar como fisioterapia, sem montar a empresa, em lugar pequeno. Depois de um tempo eu montei a empresa, lá onde é a SiqueiraMed e contratei fisioterapeutas para trabalhar comigo. E vender aparelhos de fisioterapia para fisioterapeutas, entrava em contato com as fábricas comprava e revendia. Sempre fui de mexer, entendeu? Isso aí foi indo, foi indo... ...até a hora que eu decidi fazer um equipamento. O objetivo inicialmente nem era ganhar dinheiro, mas atender cada vez melhor o meu paciente. Só que o negócio cresceu de uma forma que eu não imaginava e estamos aí, na luta.

DEMOCRATA: Como foi a invenção deste equipamento, como aconteceu?
Rodrigo: Lembro até hoje. Eu estava na minha casa com um pedaço de papelão e um lápis. Desenhando, cortando. Minha mãe sempre teve facilidade em desenhar, acho que peguei isso dela. A minha resposta até perguntou “o que você tá arrumando aí na sala?” Eu só falei: “Tô bolando um aparelho, fica tranquila que eu tô desenhando”. Desenhei tudo na mão, com tudo na cabeça, já. Não sabia nada de projeto, nada. Comprei duas placas de compensado, uns 20 caibros, uma serra tico-tico com meu pai, uma serra circular e uma parafusadeira. Comecei desenhar, cortar, parafusar montar e saiu o equipamento. Comecei a testar, o primeiro exercício. Porque minha ideia era pra coluna, pra melhorar, fortalecer a coluna.

DEMOCRATA: Foi aí que você percebeu o potencial do aparelho?
Rodrigo: Sim, nesse mesmo dia já inventei uns 30 40 exercícios na primeira subida no aparelho. Eu ia fazendo já vinha na ideia para outros exercícios “nossa dá pra fazer isso” e o pessoal começou a gostar, a fazer, aumentar a gama de exercícios. Daí vem a ideia de passar para outras pessoas.

DEMOCRATA: Aí entra a mentalidade empreendedora?
Rodrigo: pra mim o empreendedor é aquele que arruma alguma coisa pra ajudar as pessoas, para que elas tenham facilidade poder aplicar o negócio delas e crescer. Esse é o nosso diferencial, a gente vende legal esse equipamento porque ele é uma ferramenta que facilita a vida do fisioterapeuta e melhora a resposta do paciente.

DEMOCRATA: já pensou em escrever um livro sobre os benefícios do equipamento?
Rodrigo: A gente tem um catálogo com 300 exercícios e alguns vídeos catalogados.

DEMOCRATA: isso é material para um livro com a história de vida
Rodrigo: Se eu for pegar a história desde o começo de montar o projeto até hoje, acho que faz uns três livros. Muitas histórias, muitas pra contar.

DEMOCRATA: Quando você percebeu o potencial que tinha, foi necessário fazer algum ajuste na máquina ou está até hoje como o primeiro desenho?
Rodrigo: Aí foi o seguinte: quando eu decidi comercializar aí tive que estudar, me aprofundar na parte de desenho, na parte de software, a usar um lado de engenharia que eu não tinha. Eu tinha experiência prática com as motos, montar e desmontar motor, a moto em si, o que ajudou bastante. Mas aí eu precisei começar a estudar outras coisas que você não tem nem noção. Tive que estudar AutoCad, fiz um curso aqui em São José, admito que pensei até em desistir. Eu era de humanas, minha cabeça era outra coisa. Os comandos são todos no teclado. O programa é chato de pegar, mas depois que você pegou o fio da meada a coisa vai. Eu precisava, não tinha ninguém fazer pra mim. O negócio era novo, eu ia patentear, não poderia dar para ninguém fazer pra mim, você sabe como é a coisa. Aí eu desenhei, fiz, pantenteei e comecei a me aprofundar.

DEMOCRATA: No programa você disse que patenteou o equipamento no Brasil e nos Estados Unidos. Por que?
Rodrigo: eu vejo que esse equipamento encaixa bem no perfil do americano. Eles gostam de coisa diferente e que dá resultado. E é divertido e desafiador. Lá o fitness está bem mais evoluído. É um polo do fitness que é modelo. Aqui a gente tá muito naquela coisa de musculação, essa coisa assim. E o fitness está mudando, está evoluindo. Agora, recentemente, que começou a funcionar aqui no Brasil. O que o nosso equipamento faz, eles já estão fazendo, mas não com esse nosso equipamento: movimentos inteligentes. Aqueles movimentos que te preparam para o dia a dia, que te previnem lesão.

DEMOCRATA: Para pessoas que tenham ficado sequeladas com Covid-19, esse equipamento é recomendado?
Rodrigo: Tranquilamente. Trabalha a parte neural, a respiração, a mobilidade, alongamento. Assim, meio que falando bem popular, ele lubrifica teu corpo inteirinho deixando como novo. Ele mobiliza todo seu corpo, sem impacto.

DEMOCRATA: um dos investidores mostrou certa intimidade com exercícios. O equipamento serve para o esporte também?
Rodrigo
: Sim, ele é divertido, você pode brincar em cima dele. Mesmo o exercício para o esporte, você pode melhorar a cada dia na modalidade esportiva que preferir praticar.

DEMOCRATA: Atleta que pratica um esporte, como futebol, etc. A máquina pode ajudar no treino para o esporte?
Rodrigo: A liberdade de movimento nesse equipamento é grande. Você consegue simular os movimentos de vários, talvez de todas as modalidades esportivas. Mais importante ainda é o trabalho neuro muscular no esporte.


DEMOCRATA: o que essa expressão quer dizer, “trabalho neuro muscular no esporte?
Rodrigo: Vou te dar um exemplo usando o motocross, que pratiquei muito. Você está vindo de moto e, de repente, entra uma outra moto, uma pessoa na sua frente. Uma vez aconteceu comigo, eu estava no ar. Tem que ter habilidade, agilidade para se posicionar, ir pra um “plano b”. E esse equipamento faz isso, coisa que nenhum outro faz. Apesar de ele ficar dentro de salas, indoor, ele é um esporte, não deixa de ser.

DEMOCRATA: Você já vendeu para o exterior?
Rodrigo: A gente já exportou alguns. Para Portugal, por exemplo. Recebi pedidos de empresários interessados de outros países, mas o frete fica mais caro que o equipamento, acaba não compensado. Se não fosse isso teríamos exportado bem mais. Estados Unidos, Turquia. Países da América do Sul, todos, já ligaram empresários perguntando, interessados.

DEMOCRATA: Qual sua área de trabalho e número de funcionários hoje?
Rodrigo: Hoje estamos com 600m2 e 5 funcionários.

DEMOCRATA: pra quanto você precisa ampliar?
Rodrigo: preciso de pelo menos 2.000 m2. E quero chegar a 50 funcionários. Já comprei uma chapeira para 50 cartões de ponto. Como as máquinas são grandes, para o fabrico, precisamos de muito espaço. É uma meta a curto prazo, essa ampliação.

DEMOCRATA: Um dos investidores, no programa, mencionou que precisaria “validar” as informações. Como funciona essa parte?
Rodrigo: Agora que na verdade vem a parte de contrato, ajuste fino, essas coisas. E a validação é algo importante, eu cheguei lá, falei que tinha mas não mostrei minhas patentes. Eles tem que verificar a documentação, e eles não conheciam o aparelho, vão fazer uma pesquisa de mercado, conhecer mais do assunto também.

DEMOCRATA: o Caito parece que ficou bem empolgado com o negócio
Rodrigo: de fato, ele estava interessado, graças a Deus.

DEMOCRATA: você ofertou um percentual. Propuseram o valor que você buscava, R$ 1,8 milhão, mas aumentaram o percentual de participação para 50%. Você ainda resistiu, inicialmente, mencionou o quanto você ralou para chegar a este ponto. Dá medo negociar com os tubarões?
Rodrigo: Sempre há uma apreensão, né? Eu gostaria de manter o controle do negócio por se tratar de meu sonho, mas estou tranquilo com isso.

DEMOCRATA: Problema do leão não é que o leão é bravo. É que é leão. Não dá medo negociar com os Tubarões, nesse sentido de mundo competitivo? Você mesmo é um tubarão também, mas é filhote. E aí?
Rodrigo: Não, não, de forma alguma. Estou muito tranquilo quanto a isso. São empresários conhecidos, homens de sucesso e que agregarão positivamente ao meu negócio. Espero participar e aprender com eles também, estamos em uma parceria e confio muito que vai ser tudo próspero. A proposta deles é somar, e a minha também. Há algumas questões contratuais que são próprias deste momento, mas estou muito confiante, de peito e coração abertos.

DEMOCRATA: e como será a negociação de agora em diante? Já tem algo marcado?
Rodrigo: Há uma reunião pré agendada para daqui a alguns dias.

DEMOCRATA: E se os chineses começarem a copiar seu equipamento e produzir em massa?
Rodrigo: O mercado é muito grande, cabe todo mundo, tem espaço pra todo mundo. E também podemos, se os Chineses começarem a fabricar, talvez possamos fabricar lá também e competir com eles, sem deixar de produzir aqui no Brasil. A luta é essa, sempre se adaptar.

DEMOCRATA: Como você se inscreveu no Shark Tank?
Rodrigo: Uma página na internet, de inscrição, no canal Sony. E você dá uma previa da tua história, o que aconteceu, o que é o negócio, se produz ou não, a gente manda foto, pedem muitas informações. É uma sequencia de contatos.

DEMOCRATA: quanto tempo foi desde a inscrição até a participação no programa??
Rodrigo: Uns quatro meses. Mas é aquilo, toda semana tem mais informação, mais contatos.

DEMOCRATA: Para empreender o empresário acaba se dedicando muito e as vezes a família sente. Você teve o apoio da família nessa empreitada?
Rodrigo: Sempre fui apoiado pela minha esposa, Natália, e minha família. Todos me apoiaram. Sem eles não estaria qui hoje.

DEMOCRATA: E o que você fala para quem está com um sonho e começando uma ideia de empreender?
Rodrigo: Nunca desistir. Arregaçar a manga e trabalhar. Acordar cedo, ter responsabilidade. Empenhou, acreditou no sonho, sempre visualizando o que quer, você consegue.
 



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