Trolls da democracia
27/04/2025

Na última sexta-feira, 25 de abril de 2025, São José do Rio Pardo sediou sua Conferência Municipal de Políticas Públicas – espaço democrático destinado a ouvir a voz da população, identificar prioridades por eixos temáticos e eleger delegados para a etapa estadual.
Trata-se de ocasião ímpar, em que cidadãos de todas as idades e segmentos sociais se reúnem para debater onde o recurso público deve chegar: na saúde, na educação, no meio ambiente, na infraestrutura urbana.
Surpreende, porém, o silêncio daqueles que nada fazem em prol da cidade e, após ignorar solenemente o convite à participação, passam a vociferar nas redes sociais.
Nenhum dos candidatos derrotados no pleito municipal compareceu ao evento; tampouco os “influenciadores” que buscam likes e polêmicas a qualquer custo.
Contudo, desembainharam teclados para criticar a iniciativa popular, disparando juízos de valor rasos e manifestações ácidas – o que revela pouco compromisso com o debate público e nenhum interesse em transformar críticas em soluções.
Chama a atenção o contraste entre quem efetivamente se sentou à mesa, levantou propostas e debateu com a comunidade, e aqueles que preferem o conforto de um perfil virtual para incensar discursos vazios.
Os “corneteiros de plantão” podem tecer críticas avulsas o dia inteiro, mas não apresentam alternativa programática nem assumem responsabilidade alguma pelos rumos da cidade. E mais: ao alimentar o clima tóxico dos trolls de internet, criam um ambiente de desconfiança e desânimo que afasta o cidadão sério das instâncias formais de participação.
É chegada a hora de superar esse vexame digital.
A democracia real se faz com pés no chão, mãos à obra e disposição para construir consensos. Exige-se a coragem de sair de trás da tela, sentar-se numa conferência, apresentar sugestões, dialogar com quem pensa diferente e, sobretudo, assumir compromissos coletivos.
Afinal, criticar sem trabalhar é atuar contra o próprio bem comum.
Que o exemplo dos participantes da Conferência Municipal inspire a todos nós.
Que abandonemos a postura do mero espectador mal-humorado e passemos a ser agentes ativos nas decisões que moldam nosso cotidiano.
O futuro de São José do Rio Pardo depende de quem quer de fato participar – não com palavras vindas de um clique, mas com atitudes capazes de transformar ideias em ações.
Publicado na edição 1869 de 26 de abril de 2025
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