SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



O filho do deputado recusou-se a saudar o filho do eletricista

23/01/2022

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Uma cena, emblemática, deu-se nas dependências da Câmara Municipal de São José do Rio Pardo na sessão de terça-feira, 18 de janeiro de 2022.

Um fenômeno que, longe de ser questão local, apresenta uma mecânica que acontece no cenário pré-eleitoral nacional na corrida presidencial.

Geraldo Alckmin representa uma “elite” econômica paulista. Sempre dentro do PSDB, um partido tradicionalmente ligado à representação dessa elite, rompeu com o partido.

Embora estivesse na cabeça de seu grupo e partido político, ao qual pertence o ex-candidato a prefeito de São José do Rio Pardo, derrotado na urnas em 2021, Silvio França Torres, Geraldo Alckmin comandou até o momento em que as determinações deixaram de ser feitas pelos caciques do partido aos filiados, com o início das prévias em que os filiados passaram a opinar nos rumos e direção política do partido.

Quando João Dória impôs que os filiados deveriam ser ouvidos, Alckmin, Torres e sua turma perderam totalmente espaço no PSDB. Só sabem fazer a política da pirâmide: os Senhores mandando nos Servos.

Ouvir, dialogar com a plebe rude nunca foi o forte destes políticos.

Macaco vê, macaco faz. O fenômeno do elitismo higienista dos que se acham superiores e que culminou com a derrocada dos caciques do PSDB, mas deu frutos na Câmara Municipal.

Dr. Paulo Eduardo Gonçalves Boldrin, com um invejável currículo acadêmico com saberes científicos, deixou a pasta de Secretário de Saúde e Medicina Preventiva, por sua vontade, e foi homenageado na Câmara Municipal por todos, ou melhor, quase todos os vereadores.

Henrique Gonçalves Torres, filho de Silvio Torres, ex-deputado e ex-candidato a prefeito, recusou-se a assinar a moção, recusou-se a cumprimentar o Secretário e recusou-se a figurar nas fotos em que o Secretário aparece ladeado pelos demais vereadores.

O Secretário, para a elite higienista que se julga legítima representante da elite econômica paulista tem um vício de origem que jamais poderá ser sanado. É filho de um eletricista e de uma funcionária pública. Deixou os porões da senzala e galgou conhecimentos e saberes, e posição de respeito que, ao ver desta elite, é reservado somente para os seus.

O pai do vereador, ex-deputado, ex-Secretário de Estado, ex-isso, ex-aquilo, perdeu de forma acachapante uma eleição para o filho de um pedreiro.
O filho do deputado recusou-se a prestar qualquer saudação ao filho do eletricista.

No cenário nacional o grupo político do Partido dos Trabalhadores, que está esquentando os motores para uma campanha com Lula candidato à presidência ensaia uma aliança fadada ao fracasso com o grupo elitista higienista paulista, com Geraldo Alckmin, que abjurou tudo o que sempre disse dentro do PSDB, como possível candidato a vice de Lula.
Os elitistas sabem que não tem qualquer prestígio, especialmente eleitoral. Por isso escondem-se atrás de gente que tem. Vimos isso com prefeitos na cidade antes, e vemos agora na corrida presidencial.

Parte do Lulo-petismo, magoado com a segregação que a classe trabalhadora, os Dalits paulistas, sofrem com a elite higienista, sonham com um lugar à mesa dos ex-tucanos. Lugar que nunca terão, porque não é reservado por meritocracia, por merecimento ou feitos memoráveis. É por nascimento. E o nascimento em periferia (das cidades ou dos estados) torna indigno qualquer postulante à subida honra de ladear esta “elite”. Simples assim.

Ganhando ou perdendo a eleição, a aliança entre petistas e elitistas está fadada ao fracasso.

Com propostas como pintar os bueiros da cidade (que custaria algo em torno de R$ 5 milhões de reais) e outras de igual calibre, Torres mostra um distanciamento do povo que explica os parcos 300 votos obtidos na última eleição, em uma cidade com mais de 50 mil habitantes.

Não ter o nobilíssimo vereador nas fotos talvez tenha sido a mais merecida homenagem recebida pelo secretário demissionário, de notável, densa e coerente biografia, cercado por legítimos representantes do povo ao qual ele, como Secretário, serviu por um ano.
 



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