SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Em todo ano de 2023, apenas um único caso de doação de órgãos em São José

22/12/2023

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Danilo Henrique Zuim de Lima, jovem médico que hoje é Diretor clínico e presidente da Co-missão Inter hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos do Hospital São Vicente, da Santa Casa de Mi-sericórdia de São José do Rio Pardo conversou com DEMOCRATA e falou sobre a doação e captação de órgãos.

DEMOCRATA também conversou com a Secretária de Saúde, Erica Penha, e traz nesta matéria informações sobre a doação de órgãos.

Primeiro, devemos considerar que há dois tipos de doação de órgãos:

com o doador vivo (um rim, parte do fígado ou medula para um parente, etc.) e

com o doador morto. Esse caso se dá com o que se chama de morte cerebral.

Conforme nos informou o Dr. Danilo, hoje em dia não é a vontade da pessoa que conta, mas a da família. Se a família concordar com a doação, ela poderá se efetivar.

Daí a importância, ressalta o médico, de quem tiver interesse em ser doador de conversar com a família, deixando isso claro.

Declarada, na forma da lei, a morte cerebral, inicia-se o processo de doação.

Segundo Dr. Danilo, em 2024 foram três casos de morte cerebral em São José do Rio Pardo, e somente em um destes a família autorizou a doação.

Contudo há, por força de lei, sigilo quanto a estes dados, quanto a identificação dos doadores e dos receptores.

Destaca-se o caso do apresentador Fausto Silva, mas a informação divulgada no caso foi obtida, e divulgada, de forma ilegal.

A Secretária de Saúde, Erica Penha, nos esclareceu que a fila do transplante, com pessoas que precisam de órgãos, é regional - não municipal.

Assim a prefeitura não tem a informação de quantos rio-pardenses estão na fila, aguardando transplante, ou de quais órgãos.

A captação dos órgãos e os transplantes é feita pelos hospitais chamados “terciários”, como ex-plica a Secretária. UNICAMP, Hospital São Paulo, HC Ribeirão Preto sãos que cuidam de cirurgias de alta complexidade, como os transplantes, esclareceu a Secretária.

Estes hospitais, explica Érica, não dão contrarreferência. Ou seja: a prefeitura não tem como saber para quem foram os órgãos. E os transplantados de São José do Rio Pardo seguem, em sua maio-ria, fazendo acompanhamento nos hospitais terciários.

Aqui cabe uma explicação: um transplantado deve tomar medicação pelo resto da vida, para evitar a rejeição do órgão recebido, e isso demanda um acompanhamento médico regular.

O procedimento é o seguinte: o paciente vai no postinho tratar e, lá, detecta-se o problema que demanda transfusão. Dali ele é encaminhado para os hospitais terciários que iniciam o atendimento dali por diante. Casos renais, explica Érica, são encaminhados para hemodiálise aqui mesmo, e já começam o tratamento imediatamente.
Mas o diagnóstico final, para inserção do paciente na fila do transplante, é feito pelo hospital terciário.

A prefeitura fornece o transporte e segue fornecendo o tratamento local necessário, mas o acompanhamento do caso do transplante é responsabilidade do hospital terciário.

“A prefeitura, contudo, fornece medicação de alto custo que seja prescrita pelo hospital terciário para pacientes quer na fila de transplante, quer transplantados”, esclarece a Secretária.

Aproveite os festejos de natal e converse com sua família. Doar órgãos também é uma forma de ressignificar um evento triste, como o falecimento de um ente querido, que pode salvar até oito vidas que dependem e esperam um transplante.

 

*As matérias sobre doação de órgãos são realizadas por indicação da Câmara Municipal de São José do Rio Pardo, feita a partir de sugestão do vereador Rafael Kocian.
 

Desmistificando a doação de órgãos

Desde os primórdios da história dos transplantes, avanços significativos têm sido feitos para aprimorar essa prática terapêutica, especialmente no tocante aos transplantes de órgãos sólidos. Contudo, apesar do sucesso científico alcançado, o desafio persiste: a escassez de órgãos disponíveis para doação.

A Evolução Legislativa no Brasil: Um Breve Histórico

Nos anos 60, o Brasil deu seus primeiros passos no campo dos transplantes, culminando no primeiro transplante renal em 1964. Contudo, foi somente em 1997, com a promulgação da Lei nº 9.434, que o país estabeleceu as bases legais para a retirada e transplante de órgãos, respeitando a vontade do doador post mortem.

A criação do Sistema Nacional de Transplante (SNT) e das Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) em 1997, juntamente com alterações em 2000 e 2001, fortaleceu a estrutura regulatória. Posteriormente, em 2006, a obrigatoriedade do registro da manifestação de vontade, substituindo as carteiras de identidade e habilitação, contribuiu para uma abordagem mais eficaz.


Desafios Atuais: Entre a Ciência e a Sociedade

Apesar dos avanços legais, a disparidade entre a demanda por órgãos e a oferta persiste. A Associação de Medicina Intensiva Brasileira revela que, a cada 10 potenciais doadores, apenas um é notificado. Em contraste, a Espanha, por exemplo, registra uma taxa de 33 doadores efetivos por milhão de habitantes, enquanto o Brasil apresenta apenas 6.

A resistência persiste em dois fronts: a comunidade médica, ainda com desconhecimento sobre a morte encefálica, e a sociedade, muitas vezes influenciada por mitos como o comércio ilegal de órgãos. Em São Paulo, em 2006, 26% dos doadores foram perdidos devido à recusa familiar, revelando a necessidade de educar e esclarecer.

O Processo de Doação Desvendado: Da Identificação à Salvação

O processo de doação, muitas vezes cercado de mistério, pode ser desvendado em passos claros:

Identificação do Potencial Doador: Inicia-se com a identificação de um paciente com morte encefálica, respeitando as orientações do Conselho Federal de Medicina - CFM.

Notificação e Avaliação: A Central de Transplantes é informada, repassando a notificação para uma Organização de Procura de Órgãos (OPO) regional, que avalia a viabilidade do doador.

Informação do Doador Efetivo: A OPO informa à Central se o doador é viável.

Seleção de Receptores: A Central emite uma lista de receptores compatíveis, considerando a lista única do Ministério da Saúde.

Equipes de Transplante e Procedimento: A equipe transplantadora decide sobre a utilização do órgão, e o transplante é efetivado, encerrando com respeito ao doador e orientação à família.

Desafios a Superar: O Papel da Sociedade e da Ciência

A superação dos desafios atuais requer um esforço conjunto da comunidade médica, da sociedade e do poder legislativo. É essencial continuar educando, esclarecendo mitos e promovendo a conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Ao desmistificar o processo e aumentar a compreensão, podemos criar uma sociedade mais receptiva e, assim, salvar mais vidas por meio da doação de órgãos.



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